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A crise climática se desdobra em consequências que transcendem relatórios e índices: ela materializa-se nos gestos cotidianos de um modelo de progresso que esquece nossa interdependência com a Terra. Ailton Krenak alerta que “enquanto não repensarmos nossa lógica de ocupação da Terra, continuaremos caminhando para o desastre”, convidando-nos a recuperar uma visão de mundo na qual o humano não se sobrepõe ao ambiente, mas caminha junto a ele. Vandana Shiva nos lembra da urgência de práticas que regenerem o solo e protejam a biodiversidade, enquanto Bill McKibben exorta a manter vivo o limite dos 1,5 °C. Esse coro de vozes nos mostra que a arte, ao traduzir dados e estatísticas em imagens, gestos e narrativas, cumpre papel essencial: dar sensibilidade ao que, de outra forma, permaneceria distante.

É com esse espírito que nasce “A Ponta do Iceberg”, espetáculo que converte em ação dramática o derretimento das calotas polares, convidando o público a participar — e a refletir — sobre escolhas individuais e coletivas que moldam nosso futuro.

Imagine um futuro próximo em que a temperatura do planeta ultrapassou todos os limites previstos. No Polo Sul, os pinguins retornam de sua longa migração para preparar os ninhos e aguardar a chegada das fêmeas. Mas algo mudou: Labareda, um pinguim de temperamento forte e visão aguçada, nota que os icebergs encolheram mais do que o esperado.

Movido pela inquietação, Labareda busca ajuda de seu amigo Mentor, um pinguim sábio que coleciona histórias e já enfrentou muitas adversidades. Juntos, embarcam numa investigação perigosa para entender o que está por trás do derretimento: terão de encarar orcas famintas, surpreender-se com a aparição de um urso-polar perdido e — talvez a maior provação — lutar contra a desinformação e a anticiência que se espalham entre os habitantes gelados.

Entre cenas de ação vertiginosa e momentos de humor afiado, “A Ponta do Iceberg” desafia o público a entrar em cena. No clímax, quando o conflito entre os personagens alcança seu ápice, cabe à plateia decidir o destino dessa pequena colônia de pinguins. Essa mecânica não serve apenas para estimular a participação direta, mas tem um caráter pedagógico: assim como a humanidade é responsável pela crise climática, o público assume a responsabilidade pelo desfecho da história, espelhando — em tom lúdico e provocador — nosso papel na construção ou na negação de soluções reais.

Em “A Ponta do Iceberg”, a plateia não é um observador passivo, mas parte ativa de um processo criativo e transformador. Afinal, quando a lente do teatro focaliza as urgências climáticas, cada voto na cadeira do auditório ecoa como um gesto político: somos nós, humanos, quem decide se o gelo continuará a desaparecer ou se encontraremos coragem para frear esse derretimento — tanto no palco quanto na vida real.

© 2014 by Denisson Beretta Gargione

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